Resenha: "A Cruz de Fogo - parte 1" - Diana Gabaldon

      

     No quinto volume da série Outlander, nos deparamos com a continuação da Reunião entre os escoceses e, posteriormente, o destino inevitável de Jamie: a convocação do Governador Tryon para recrutar um regimento contra os reguladores. Nessa conjuntura, Claire se depara com as sementes que culminarão na Revolução Americana, situação na qual deixa em cheque o destino dos Frasers da Cordilheira.


     Em um primeiro momento, gostaria de deixar claro como a autora utilizou, novamente, a mesma perspectiva dos livros anteriores: a primeira parte de um volume sempre se mostra como um prelúdio para os acontecimentos reais, ou melhor, uma "preparação de terreno" para a continuação do livro - as quais são o que realmente importam. Só que o mais interessante nisso é como Gabaldon consegue nos envolver na narrativa, mesmo quando os acontecimentos não passam de rotina, diálogos, e uma inserção de acontecimentos aqui e ali que mantém o ritmo da história (os quais sempre tem um propósito maior. Não confunda com ações aleatórias do o famoso "encher linguiça"). Ela faz isso de forma fenomenal, e agora após ler o quinto livro parte 1, é óbvio que isso consolida-se como estilo de Gabaldon. Portanto, se você chegou até aqui e não adaptou, ou não gostou dessa forma de abordagem, já sabe o que deve fazer. Aos que ficam, deliciem-se comigo durante essa maravilhosa jornada que é o universo de Outlander.

     Como de praxe, é sempre bom salientar como a escrita da autora é fantástica e ambienta a história de forma assustadora. Confesso que após uma parte do livro em que a atmosfera estava marcada por um tom mórbido de morte e fantasmas, eu mesma ao sair do quarto para ir ao banheiro senti medo. À vista disso, comprovo mais uma das façanhas de Diana e enalteço aqui como é extasiante adentrar em uma história. Indico isso a qualquer um.

     Outrossim, o detalhamento das técnicas médicas de Claire e a coerência com a realidade - sim, eu pesquiso os nomes das ervas e procedimentos! - dão tanta riqueza à narrativa e eleva o nível do livro em 300%. E olhe que isso é somente um dos fatores: a forma como o contexto histórico é verossímil, assim como a mentalidade dos personagens, suas ideias, pensamentos e as reflexões relevantes que o livro trás também somam muitíssimo nessa equação. Sob esse viés, já puxo outro gancho marcante na história. A personalidade das personagens (em que algumas, confesso, são tremendamente irritantes) é quase palpável de tão bem formuladas, haja vista que todas ações são coerentes com quem a pessoa é, logo muitas vezes me esqueço que eles não existem e sinto-me próxima até demais. Além do que, devido ao tempo corrido, li esse livro durante semanas, todos os dias, com raras exceções, então Outlander tornou-se parte inegável da minha rotina. Chamem-me de tiete se quiserem, mas amo esses livros de coração.

     Sobre a história, sinto até angústia em comentar muito durante a resenha porque parte da experiência de ler o livro é acompanhar os acontecimentos de forma sucessiva, portanto comentar muito de qualquer parte - na minha concepção - pode comprometer algum aspecto importante da leitura - desculpem-me! De forma geral, o enredo segue, majoritariamente, Jamie, Claire, Brianna e Roger durante esse período de suas vidas marcadas pelo novo - os recém casados e seu adorável filhinho Jemmy - e nossos queridos Jamie e Claire. Claro que muitos personagens se descaram durante a leitura, vide os Beardsley, sra. Bug, Jocasta e Duncan, mas como sempre o foco é nos Frasers, farei o mesmo.

     Durante a leitura de Tambores de Outono, principalmente, de certa forma Brianna e Roger não me chamaram atenção, e seus partes eram para mim muitas vezes cansativas. Porém, agora que "a poeira baixou" vi os lados desses personagens que não conhecia, e surpreendentemente agora anseio por seus trechos nos livros. Brianna agora é mãe, consolidou-se como mulher e esposa e deixou para trás muitas de suas imaturidades. Roger mantém uma relação diferente e amadurecida com Jamie, mostra-se como marido e pai preocupado e finalmente senti que ele tornou-se parte da família. De fato, de maneira alguma digo que eles se tornaram perfeitos da noite pro dia. Eles são humanos, cometem erros, assim como Claire ou Jamie. Eles era novos nos primeiros livros, estavam se conhecendo, assim como os leitores estavam em relação à eles. Destarte, Diana propôs uma trégua para nós e agora vi com mais clareza o potencial que esse dois personagens têm. Como eu disse anteriormente, esse foi um livro de "aquecimento" e espero ansiosamente ver como tudo se desenrolará para os Frasers.

     Sobre Claire e Jamie quase não tenho nada a acrescentar: personagens maravilhosos, apaixonantes e bem construídos. Por esses eu já me apaixonei há muito tempo!

     Sendo assim, deixo aqui meus profundos agradecimentos à autora pela experiência e a vocês, que estão lendo essa resenha, aconselho a entrarem de cabeça em Outlander: a probabilidade de vocês se arrependerem é infinitamente pequena.

5/5

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